quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A cigarra e as formigas

(A cigarra e as formigas Autor(a):Monteiro Lobato)

     Houve uma jovem cigarra que tinha o costume de chiar ao pé de um formigueiro. Só parava quando cansadinha; e seu divertimento então era observar as formigas na eterna faina de abastecer as tulhas.
      Mas o bom tempo afinal  passou e vieram as chuvas. Os animais todos, arrepiados passavam o dia cochilando nas tocas.
      A pobre cigarra, sem abrigo em seu galhinho seco e metida em grandes apuros, deliberou socorrer-se de alguém. Manquitolando, com uma asa e arrastar, lá se dirigiu para o formigueiro. Bateu - tique, tique, tique...
      Aparece uma formiga friorenta, embrulhada num xalinho de paina. - Que quer? - perguntou, examinando a triste mendiga suja de lama e a tossir.
      - Venho em busca de agasalho. O mau tempo não cessa e eu...
      A formiga olhou-a de alto para baixo.
      - E que fez durante o bom tempo, que não construiu sua casa?
      A pobre cigarra, toda tremendo, respondeu, depois de um acesso de tosse:
      - Eu cantava, bem sabe...
      - Ah!... - exclamou a formiga recordando-se. - Era você então quem cantava nessa árvore enquanto nós labutávamos para encher as tulhas?
      - Isso mesmo, era eu...
      - Pois entre, amiguinha! Nunca poderemos esquecer as boas horas que sua cantoria nos proporcionou.       
      Aquele chiado nos distraía e aliviava o trabalho. Dizíamos sempre: que felicidade ter como vizinha tão gentil cantora! Entre, amiga, que aqui terá cama e mesa durante todo o mau tempo.
      A cigarra entrou, sarou da tosse e voltou a ser alegre cantora dos dias de sol.

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